Se os pais têm medo do crime local, as crianças passam menos tempo em seus bairros, de acordo com um novo estudo que usou rastreamento de smartphones.
Onde os moradores perceberam uma maior ameaça de crime, as crianças passaram mais de uma hora a menos por dia em sua própria vizinhança, descobriram os pesquisadores. Isso é comparado a crianças que moram em bairros que os residentes adultos consideravam mais seguros.
Os bairros considerados menos seguros também tendem a ser mais pobres, disseram os autores do estudo.
"É claro que as crianças que vivem em áreas de alta pobreza estão passando menos tempo em suas vizinhanças, e isso está ligado a um medo coletivo do crime", disse o principal autor do estudo, Christopher Browning. Ele é professor de sociologia na Ohio State University.
"Isso nunca foi testado antes com dados de GPS que rastreiam os movimentos minuto a minuto", disse Browning em um comunicado à imprensa da universidade.
Para o estudo, os pesquisadores analisaram dados de rastreamento de telefone de 2014 a 2016. A informação veio de mais de 1.400 crianças. As crianças viviam em 184 bairros no condado de Franklin, Ohio, lar de Colombo e seus subúrbios.
As descobertas sugerem que as crianças passam, em média, metade do tempo de vigília em casa, 13% em seus bairros e 35% fora de seus bairros.
Os investigadores encontraram uma ligação significativa entre quanto tempo as crianças passaram em suas vizinhanças e as percepções de seus pais e responsáveis sobre a segurança dos bairros onde moravam ou passavam muito tempo visitando.
"Uma vez que as pessoas parem de gastar tempo em um bairro porque estão com medo, outras vão se retirar, tenham medo ou não", disse Browning.
"Se os adolescentes forem ao parquinho local e não houver ninguém com quem jogar basquete, eles sairão do bairro para encontrar seus amigos ou passar mais tempo em casa", acrescentou.
Centros de recreação e outros serviços sociais estão frequentemente disponíveis nos bairros mais pobres. Mas "nossos resultados sugerem que essas amenidades podem ser subutilizadas porque os jovens estão se retirando da vizinhança. Não importa se eles têm medo de ir até lá ou apenas seguir seus amigos em outros lugares, os jovens passam menos tempo em bairros desfavorecidos".
A pesquisa foi apresentada segunda-feira no encontro anual da American Sociological Association, em Montreal. A pesquisa apresentada em conferências deve ser considerada preliminar até que seja publicada em um periódico revisado por pares.
FONTE: Ohio State University, comunicado de imprensa, 14 de agosto de 2017